Maria João Worm


Teia fina que cobre o cérebro
14 Março 2010, 11:27 pm
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Condecorações, reconhecimento de mérito, medalhas, taças. A vitória de quem supera por velocidade, destreza mental ou física. A habilidade de quem se destaca em confronto com o outro ou consigo próprio  que faz vencer. Mas donde vem esta necessidade de vencer, este deslumbramento pela idealização de um ser superior ao que é um ser comum e que para isso muitas vezes se tem de treinar obcessivamente. O circo, o futebol, os pianistas e todos os intérpretes. Os virtuosos da técnica, os que tudo conquistam com esforço e dedicação dentro de parâmetros já trilhados, prolongando e conquistando títulos. Mais rápido, mais alto, mais longe, where no man has gone before,  números ao serviço do quase inumanamente possível, olimpicamente reconhecido. A aberração sem ser vista como deficiência, a diferença tornada excelência, o culto do desvio superior. A cultura da citação levada ao extremo de ser impossível pensar por si próprio. A competição que cega se esqueceu do propósito do que eventualmente seria preciso pensar. Para quê?  Afinal a vida não é um ginásio, nem de treino do corpo, nem da alma. E o medo de se ser livre provoca o orgulho de se ser escravo como li escrito numa parede há muito tempo ( e isto é uma citação). Para quê entrar no circuito dos presos, será obrigatório o sistema das rotinas que premeia os bons vícios, que não deixam de ser vícios disfarçados de vontade metódica para atingir objectivos. No fim a mãe dá um beijo embora saiba que queremos ser amados antes de aprendermos a amar.

Poderia ser interessante discutir política com uma formiga (essas que escreviam nas paredes). Ou mesmo caligrafia, essa arte de aplicar no papel o desenho das palavras.

As teias de aranha têm dois lados. O fio de seda brilha e é construído a partir de dentro, resulta do mastigado do corpo.

E é tão interessante este fluído que torna visível o esquema. A formúla quimica, física, aplicada e materializada.

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1 Comentário so far
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Parece vão, e efémero e talvez seja menos que isso mas estranhamente parece ficar gravado eternamente, será por isso? será necessário…? se calhar pela mesma razão que criamos, é sempre por nós mas nunca para nós…sem os outros nunca por nós seria…

Comentar por rena




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