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Hoje em dia previlegia-se a capacidade de discernir a qualificacão do sabor. O apuro de um bouquet feito a partir da conjugação de vários ingredientes. Aliás o palato educa-se, dizem. Aprende-se a apreciar e consegue-se descrever. Existem criticos de gastronomia. Tenta-se discorrer em palavras a sensação do apuramento desenvolvido por certos palatos. Macio, aveludado, agreste, consistente. Um prato apesar dos seus elementos deverá resultar num todo equilibrado. Pintura sensorial que se ingere pela boca. Uma arte. Talvez faltem bebidas espirituais para contrapôr ou acrescentar às espirituosas. Para que se pudesse concertar a ponte entre o elitismo e o palato comum.
Lembro-me do filme Festa de Babette, o palato comum frente ao requinte das elaborações mais trabalhadas. Rápidamente a excelência dos sabores parece encontrar em todos os participantes que usufruem, a garantia de uma degustação elevada. Sem dúvida o acordo de todos dá a certeza de se estar perante o que sem aprendizagem se revela a um tempo superior e ao mesmo tempo acessível. Encontro delicioso entre as elites e o senso comum, antes de se separarem os conhecimentos, antes das palavras eruditas e das referências.
Seria fantástico que socialmente nos pudessemos transfigurar metafóricamente em sopa. Uma sopa onde todos os ingredientes participassem como igualmente indispensáveis. Em que a cenoura não se desse ares de cenoura principal e soubesse que ficava aveludada pela presença da batata, e que o alho perdesse o hálito para revelar o sabor. E a finalidade fosse saborear e saciar. Podendo haver criticos de gastronomia, pois não se fala com a boca cheia, cozinheiros artistas que mais do que assinar a sopa quisessem saciar o desejo de viver, e um equilibrio entre os ingredientes fora e dentro da sopa.
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