Maria João Worm


Redacção- O vento
22 Julho 2010, 5:25 pm
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Hoje está muito vento, o vento despenteia e dá-nos a clara sensação fisica do que está para a frente ou o que fica para trás porque nos estende na direcção do ventar. Às vezes é de esguelha, assim para os lados mas a fugir à esquadria sólida da rosa dos ventos. Também assobia e leva pó daqui para ali e deve ajudar o sempre em frente de quem tem a sorte de ir acertado na mesma direcção, mesmo que chegue antes do que seria um dia sem convicção definida. Sem dúvida que ao vir ao encontro nos toca, abana o interior, efusivo como a cauda de um cachorro, ora determinado,  ora entrecortado como os discursos que vamos tendo enquanto não arranjamos a consciência dura e limpa, como o osso  que imagino ser o silêncio. Mesmo que por breves instantes volto a ser gaiata; experiência de descer de bicicleta à velocidade que quase assusta como por vezes num baloiço aconteceu. O desafio do corpo todo centrado na barriga e o resto nos olhos que sentem as imagens vitreas e riscadas cheias de água que deforma e recria. Flutuar sem conseguir voar. Como no mar mas sem o abraço único e envolvente da água. Há sempre o que dizer quando estamos perdidos. De resto a importância do tempo e a consciência dele ou faz náufragos ou fala de remoinhos, e zumbe mas na cabeça que tonta se deixa embalar. À procura das palavras, atenta às cores e sabendo da impossibilidade de permanecer. Na vida existe sempre vento, por vezes correntes de ar e eu canso-me das minhas imagens que existem maiores do que o resto e são ancoras que atrasam a velocidade mas nunca me param.

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