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Ainda do terceiro número da edição, encontra-se traduzido o poema ” Contemplação” de Alphonse S.
Nada nas árvores parece indicar que desejam ter sombras maiores,
nem me parece que algum lago deseje ser mais profundo.
Os peixes nadam e não me parece que fiquem tristes por não conseguirem caminhar.
As flores nascem com extrema beleza e embora nos obriguem a olhá-las, nada nelas existe que seja afectação ou vaidade.
As nuvens continuam a percorrer longos caminhos e quando chove ocasionalmente,
nunca é por vontade própria.
Os rios escorrem continuamente, sempre a nascer e não fazem perguntas.
Tudo parece serenamente amar o que lhe foi confiado da vida.
Tudo parece certo.
Um pequeno pássaro chega do céu e pousa num galho fino de um salgueiro, canta.
E tudo estremece com a mesma delicadeza intensa.
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Achas que as pessoas nascem ou são nascidas?
Se umas mais tarde dizem que nascem outras desde sempre são nascidas.
Há quem ache que os nados inaptos só podem ser desculpados por isso mesmo. Não têm responsabilidade de viver e andar por aqui. Há os quase jeitosos que sobrevivem, e nada tem com gostarem ou não disto. E depois há tanta variedade que não se percebe como só de um mesmo pum pum se vem e se vai do mundo e se isto é anti-republicano, a minha mãe não é monárquica e o meu pai só não é polícia porque não quer.
Achas que as pessoas morrem ou são morridas de morte matada?
Eu acho que no fim as pessoas morrem, mas são morridas de morte matada.
Emprestas-me a tua bicicleta?
Mas só podes dar uma volta.
Eu sei que tu sabes que eu sei que só se pode dar uma volta.
O carro do meu pai tem um gps e anda a 1000 euros por km, e o do teu?
O meu avô é infinitas vezes maior do que o carro do teu pai e tem um bigode e é da marinha.
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O Project Fountain continua a decorrer. Desta vez apresento dois trabalhos traduzidos para português.
Entre Silêncio e Mistério há Mal Entendidos;
(Bem vinda seja toda a breve e irracional paz suspensa)
Talvez fosse mais fácil se todos tivessemos nascido projectados para a artificialidade.
Presos ao enquadramento equilibrado e à aparente e convicta eficácia da repetição.
Mas se o tempo vai copulando a um ritmo compassado, de cada vez, a sucessão do espaço é uma marca permanente da mudança que ao se abrir é consumada.
E se cada homem é um conquistador que de cada vez deseja perder o tesouro da sua encantadora e quase renovável ignorância,
Ingénuamente se perpetua a esperança que divide o que se é do que nunca mais se quer ser e que desaba.
(Tradução do poema de F. Elfridge M., de Mateus Oliveira W in Project Fountain #3)
Títulos
Os títulos têm o peso dos nomes próprios, seja qual for o processo para os encontrar a finalidade decorre da mesma vontade : denominar um espaço insubstituível de individualidade.
Decifrar o que se perde, ed. Trentsk, 2014, Louise Bernbrook
Com licença, desculpem se ocupo espaço, ed. Downtown, 2017, Oliver Wall B.
Desculpa, morri agora, ed. Downtown, 2018, Oliver Wall B.
NO PRELO para 2020
Matéria Prima, Matéria Bruta; Os homens são mineiros e sonham com vulcões, ed. Banana, Osvaldo M Seg. P.
A vida imbecil do Sr Empreendedor,ed. Trentsk, Louise Bernbrook
Roer as unhas; como continuar, ed. Douwntown, Albert C.V.O
Parar a tempo,ed. Helás, Robert Silver Great
(Francis S. B. traduzido por Mateus Oliveira W )