Filed under: Project Fountain, Uncategorized | Etiquetas: Fonte das Palavras, Poesia
às vezes, a maior parte das vezes, falo à procura das palavras. Mesmo quando encontro a graça que serve para me encontrar com o outro defendendo-me deste despropósito que é estar acompanhada no mesmo lugar onde nos debruçamos sobre o vazio imenso. Com os amigos estou num grande navio de contornos mais nitidos. Do alto do coração que se entende como uma amurada e se define pelas marcas dos salpicos salgados. Não sei aceder nem partilhar apenas ficar. Desejar é conseguir inventar partes de livros. Imagens soltas em que se perde o propósito do discernimento da responsabilidade autoral. Por vezes tenho imagens nítidas de ilustrações, Animais que aparecem sobre o verde alagado de chuva que fazem com que ainda se enleve o sentido mais selvagem das minha últimas vontades. Tenho pensado que das memórias alteradas da minha infância guardo o corpo deitado de barriga para baixo. As unhas sujas da cor das coisas da terra e o coração a bater de encontro ao chão. Estar só eis de onde vim e para onde vou. O que permanece mais firme é a solidão. O que ainda gosto está preso no olhar que não consigo reter, o que amo usa as folhas das árvores e atravessa as estrelas que eu desconheço. Assisto desde criança a esta morte que se sente a viver. Vejo e morro em pedaços que se espalham como imitações de luz.
escrito e traduzido por quem se deu como Anónimo
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E se as respostas existem antes das perguntas? Pergunto eu. Perguntar é um verbo, poderia existir o verbo desperguntar. Aliás perguntar parece, enquanto palavra e a sua sonoridade, uma constipação obstipada que precisa de uma resposta mesmo que seja só para entreter e rabiscar um percurso de um novelo que aparentemente ao se mapear não se perde no labirinto cerebral. Pode ser intima, pode ser insistente como na idade dos porquês que por vezes é poesia que vive da rima e da persistência. Um exercício de respiração lançado num radar morcego que só quer saber o seu lugar: que lhe seja devolvida a consciência da existência. Infelizmente tem demasiada presença social, no sentido que preenche o vazio que decorre de uma impaciência cega que quer despachar o desespero da irresolução do mistério e que se liga também a um princípio de competição. Apesar disso pergunto e acredito que podem existir perguntas que nos fazem pensar. Mas pensar é outro verbo ocupacional, mais à defesa do que em proveito de todos.
E pergunta-se a uma criança que cor é que gostas mais? Como num concurso. Poderá ficar calada se ainda não tiver integrado este sistema de finalidade pódium. Tem uma caixa de lápis usa-os para desenhar. A resposta encontra-a com simplicidade. A cor que usa mais, é o lápis mais pequeno.
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Uma árvore que reflecte. Não chega obrigatóriamente a pensar, o momento é anterior embora se confronte consigo própria. Antes das palavras por vezes temos as imagens auto reflexivas. A parte que falta e que se falseia para se complementar. A querida simetria que ressoa e perpetua. Uma atitude habitual que na natureza se fecha sobre si própria, ou se analisa frontalmente criando oposição e possibilidade de escolha. Ou descansa numa tensão interna ou se inquieta e faz perguntas. Assim são as imagens das árvores de olhos.