Filed under: Project Fountain, Uncategorized | Etiquetas: Fonte das Palavras, Poesia
às vezes, a maior parte das vezes, falo à procura das palavras. Mesmo quando encontro a graça que serve para me encontrar com o outro defendendo-me deste despropósito que é estar acompanhada no mesmo lugar onde nos debruçamos sobre o vazio imenso. Com os amigos estou num grande navio de contornos mais nitidos. Do alto do coração que se entende como uma amurada e se define pelas marcas dos salpicos salgados. Não sei aceder nem partilhar apenas ficar. Desejar é conseguir inventar partes de livros. Imagens soltas em que se perde o propósito do discernimento da responsabilidade autoral. Por vezes tenho imagens nítidas de ilustrações, Animais que aparecem sobre o verde alagado de chuva que fazem com que ainda se enleve o sentido mais selvagem das minha últimas vontades. Tenho pensado que das memórias alteradas da minha infância guardo o corpo deitado de barriga para baixo. As unhas sujas da cor das coisas da terra e o coração a bater de encontro ao chão. Estar só eis de onde vim e para onde vou. O que permanece mais firme é a solidão. O que ainda gosto está preso no olhar que não consigo reter, o que amo usa as folhas das árvores e atravessa as estrelas que eu desconheço. Assisto desde criança a esta morte que se sente a viver. Vejo e morro em pedaços que se espalham como imitações de luz.
escrito e traduzido por quem se deu como Anónimo
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