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Se existem gestos que se integram no espaço envolvente, porque tropeço nas socas herdadas pelo Artesão.
Tenho vertigens, parecidas com achaques, encenações do corpo.
Pouca oxigenação no cérebro;
de facto a humanidade com a postura vertical como meio de locomoção,
deveria pensar melhor quando se deita.
Provávelmente o projecto do Artesão, ao dar apenas duas socas, seria uma ajuda para a integridade de se ser vertical.
Mas sinceramente, acho que não se trata de uma facilidade para colher maçãs-
Tenho as socas, são dois números acima do que se ajustaria naturalmente ao tamanho dos meus pés.
No Inverno dá geito usar meia grossas; nunca se sabe a ideia do Artesão.
De facto gosto de sentir os dedos livres e conseguir tamborilar dentro do calçado.
É música, assobio dos ossos. Flautas vermelhas e escuras. Parecem e são.
Bem vista a situação, o desiquilibrio e a dificuldade em andar, tem as suas vantagens.
Às vezes é mais claro.
Aparentemente tem o desconcerto elegante do modo como os patos caminham.
Exactamente porque tudo é transitório, registamos.
Criamos um mundo que descansa aparentemente.
Mundo paralelo ao Tempo.
Tem conversa e parece que prolonga a sombra das árvores;
na selvagem alegria das ervas que nascem assim.
Arte ligada à Vida. Mas sempre contida, nem cabeça nem cérebro, nem embuste (um busto envergonhado, uma posta cortada no plano estético). Porque é que um retrato pode ser, uma parte, um rosto; e o resto do corpo? Não sei de quem deveria vir a vergonha do embuste.
Há um sussurro constante, penso que é a Vida.
Somos sempre meninos na escola a aprender. Também somos os que não gostando da escola, aprendemos nas sombras frescas das árvores.
(o projecto está a terminar enquanto experiência, este autor que eu própria traduzi , pediu-me . que o seu nome não fosse divulgado)