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A Prof. Maria Willing Veríssimo escreveu-me e não tendo outra forma de publicar o que de certo modo é uma carta aberta a quem estiver interessado na divulgação da essência do que está na base do Project Fountain, passo a transcrever neste blog parte da carta:
(…) Gostaria de tornar público em Portugal o meu agrado por este projecto que faria uma ponte entre duas linguas diferentes atravessando o Atlântico, que não acontecendo através do extinto IPDA, pôde ser parcialmente editado a acompanhar a exposição A Fonte das Palavras.
Lamento que em Portugal os espaços ligados à divulgação cultural fechem.
A meu ver, e na experiência que tenho, mesmo que seja ligada à Universidade, a cultura não existe para dar lucro igual ao investimento, quando se fala de dinheiro.O que resulta do gesto de um mecenato por vezes generoso, é o ainda maior retorno de facultar acesso a uma consciência.
Em nome das pessoas carenciadas esta é uma acção que pode ser transfomadora, porque ao se dar faz pensar, faz eventualmente querer saber mais. Faz avançar individualmente e conjuntamente pessoas. O que complementa a perspectiva da bolsa que oscila tendenciosamente, deixando-se comprar e vender.
Mais acrescento, e mais uma vez relembro que o projecto parte de uma Universidade. Que para muitos pode ser tida como uma incubadora de ideias e ou como um aviário de empregos para perpétuar o mundo como o conhecemos.
O que me interessou neste projecto foi tornar possível que alguém ainda possa trabalhar a sua vocação, sem ter de se subjugar a poderes políticos para fazer o seu trabalho.
Não existem aqui critérios elitistas de classificação. Aliás contrariamos o “conhecimento” no que ele tem de mais arruinador. Evitámos as citações e a desresponsabilização de se descansar no possível degree de cada participante.
Se isto é política, sinceramente acho que está acima do funcionalismo político.
Tentámos dar oportunidades à transformação por meio de novas visões e ideias, dar oportunidade à existência do momento de falhar. Se o próprio o achar, e sobretudo se nesse erro aprendermos com isso, ou não.
Aqui em Boston, quando lançámos o número que reúne todos os poemas deste projecto, às entidades que nos apoiaram, juntaram-se outras, de catering, para se fazer uma festa que segundo o Mayer e algum staff nos fizeram crer seria do nosso inteiro interesse pois chamaria outro público. Uma festa, segundo eles, que promoveria, sem igual, os poetas.
Optei por dispensar a linguiça, o pastel de nata e as bebidas espirituosas.
Não tendo nada contra a Feira Popular, pareceu-me integro apenas ficar com as pessoas verdadeiramente interessadas.
Não se tratava de uma festa, mas sim de uma publicação séria, como todos os trabalhos o deveriam ser.
Espero que em Portugal tenha corrido de diferente modo.
Sincerely,
Maria Willing Veríssimo