Maria João Worm


Água
16 Agosto 2017, 11:53 pm
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paisagem

Mina dura, cristalina

Montanha do eu antes de mim

Desce!

Trina a árvore,

Corta clara a luz no chão.

Já não espero.

-Vale geograficamente ser feliz?

Onde as flores de cores tão certas

Passam por tudo o que fiz?

Vale o desenho de geograficamente ser

O ter sido o que é agora?

Alva flor de cor tão certa

Mata-me a seda do vulgar.

Atempadamente a beleza é a oferta

Do que não me pertenceu.

Resta o fusco, toldo, trombo,

Tralha tímida.

Tristeza do que aprendi.

Volta a tratar: retrata

Limpa com a água usada,

Chá do chão por onde passei.

Na casa vão ficar os quartos minguantes

Sem passar a lua nova.

A minha terra é um observatório

E um lago de águas paradas.

Reconheço o reflexo dos ciclos

Mas não posso devolvê-los.

Aprendi que passatempos duram apenas por si.

Sou do tempo,

É em mim que ele torna visível a forma da sua existência.

Sou alimento que se come e é comido.

Acho as palavras que amo

Enquanto se segue

O veio afluente do rio.

Canta a água a liberdade

De seguir por entre as margens.

E tudo é motivo de paragem

E segue-se mesmo assim.

Salgando-se a água doce.

 

 

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