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As palavras antes de se fixarem nos livros eram nómadas.
Ouvir e dizer eram as vezes de ler.
Estavam inscritas numa direcção e dois sentidos.
A memória interna apreendia a coincidência com a eterna.
O tempo, a consciência de estar vivo agora, fazia do corpo o instrumento aberto,
onde a música, transversal à existência, seguia perpétua,
na voz que é em cada ser.
Fixaram-se as palavras e a humanidade.
Para conforto,
construíram-se micro-mundos em quintais,
desviaram-se rios, cruzaram-se e desenraízaram-se espécies,
violou-se a sabedoria.
E assim tornou-se mais claro que ela existia.
Mas ao violentá-la e ao fazer o corte de a aceitar tal como é,
ela que habitava o centro de cada ser, fugiu para o céu.
Mas seguiu-se cegamente o valor da delimitação,
pela posse da breve assinatura de uma vida.
Em vez de se procurar o alimento,
achou-se o direito de trazer para si,
o que convinha ao desejo do momento.
A Humanidade fez da Vida Una, a violência de se estilhaçar em indivíduos,
capazes de se matarem e matar, para adquirirem o poder do monólogo.
E assim escrevem-se livros,
à procura da coincidência que se perdeu.
E apenas ficou mais definido,
o espaço onde se deve enterrar os mortos.
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