Maria João Worm


Project Fountain #3 – novo poema
20 Agosto 2010, 2:20 pm
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Ainda do terceiro número da edição, encontra-se traduzido o poema ” Contemplação” de Alphonse S.

Nada nas árvores parece indicar que desejam ter sombras maiores,

nem me parece que algum lago deseje ser mais profundo.

Os peixes nadam e não me parece que fiquem tristes por não conseguirem caminhar.

As flores nascem com extrema beleza e embora nos obriguem a olhá-las, nada nelas existe que seja afectação ou vaidade.

As nuvens continuam a percorrer longos caminhos e quando chove ocasionalmente,

nunca é por vontade própria.

Os rios escorrem continuamente, sempre a nascer e não fazem perguntas.

Tudo parece serenamente amar o que lhe foi confiado da vida.

Tudo parece certo.

Um pequeno pássaro chega do céu e pousa num galho fino de um salgueiro, canta.

E tudo estremece com a mesma delicadeza intensa.

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PROJECT FOUNTAIN #3
7 Agosto 2010, 5:18 pm
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O Project Fountain continua a decorrer. Desta vez apresento dois trabalhos traduzidos para português.

Entre Silêncio e Mistério há Mal Entendidos; 

(Bem vinda seja toda a breve e irracional paz suspensa)

Talvez fosse mais fácil se todos tivessemos nascido projectados para a artificialidade.

Presos ao enquadramento equilibrado e à aparente e convicta eficácia da repetição.

Mas se o tempo vai copulando a um ritmo compassado, de cada vez,  a sucessão do espaço é uma  marca  permanente da mudança que ao se abrir é consumada.

E se cada homem é um conquistador que de cada vez deseja perder o tesouro da sua encantadora e quase renovável ignorância,

Ingénuamente se perpetua a esperança que divide o que se é do que nunca mais se quer ser e que desaba.

(Tradução do poema de F. Elfridge M.,  de Mateus Oliveira W in Project Fountain #3)

 

 

Títulos

Os títulos têm o peso dos nomes próprios, seja qual for o processo para os encontrar a finalidade decorre da mesma vontade : denominar  um espaço insubstituível de individualidade.

Decifrar o que se perde, ed. Trentsk, 2014, Louise Bernbrook

Com licença, desculpem se ocupo espaço, ed. Downtown, 2017, Oliver Wall B.

Desculpa, morri agora, ed. Downtown, 2018, Oliver Wall B.

NO PRELO para 2020

Matéria Prima, Matéria Bruta; Os homens são mineiros e sonham com vulcões, ed. Banana, Osvaldo M Seg. P.

A vida imbecil do Sr Empreendedor,ed. Trentsk, Louise Bernbrook

Roer as unhas; como continuar, ed. Douwntown, Albert C.V.O

Parar a tempo,ed. Helás, Robert Silver Great 

 

(Francis S. B. traduzido por Mateus Oliveira W ) 



Projecto Fountain, A fonte das palavras

São boas as notícias que tenho. Existe, aqui e agora,  um novo espaço para sonhar.

A revista Fountain, que em português terá por título fonte das palavras, vai ser editada ( em cima projecto para a capa do 1º número). O projecto concebido pelo departamento de lingua portuguesa, liderado pela professora Maria Willing Veríssimo, da Universidade Academic Boston New Project, será desenvolvido em parceria com a IPDEA (Instituição Portuguesa de Sobrevivência e Dignidade da Escrita e Arte)

Neste primeiro número inteiramente dedicado à poesia, serão editados 30 poemas de trinta poetas que integram o projecto piloto, Got to Live & got to Dream, apoiado pelas Fundações STRTD ( Save The Rights To Dream) e ANL (Art Is No Lie) ambas sitiadas em Boston. Este número revela o resultado do primeiro mês deste projecto inovador.

O projecto resulta de um acordo feito com empresas alimentares e hoteleiras. Durante um ano este grupo de poetas tem assegurada, alimentação e lugar de residência. Os artistas participantes têm um cartão que lhes foi concedido e que lhes permite, trocar os serviços acima mencionados, quer por poemas, quer por outro tipo de tarefas que se proponham dentro de uma lista também ela fornecida no inicio deste projecto. A lista de tarefas que podem fazer,  assenta sobretudo,  em  prestação de serviços à comunidade, por exemplo: um fim de semana a trabalhar na caixa do supermercado, passear cães que estão retidos no canil Municipal, limpeza de rua ou jardinagem em jardins públicos, ou responderem a convites da própria Universidade para darem Conferências sobre temas a serem préviamente analisados. Estes trabalhos apenas tomarão o tempo de um fim de semana.

No final do ano, tendo sido publicados 12 exemplares da revista, serão facultadas as possibilidades de publicação em livro.

Embora o sonho possa ser o princípio, o sonhador não sobrevive do sonho porque tem de viver. E de facto pode parecer  um belo sonho trocar poemas por artigos de primeira necessidade e de sobrevivência. No fundo é uma troca de diferentes serviços. Trata-se de uma real possibilidade de integração do trabalho artístico na sociedade, que muitas vezes não o vê como um trabalho;  que pode e deve permitir a subsistência do trabalhador. 

Sem dúvida uma troca justa.