Maria João Worm


As asas são o som que se aproxima do eixo donde tudo permanece edificado
13 Agosto 2009, 11:07 pm
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Há medida que as férias se vão sucedendo, junta-se o tempo. Como quando se visitam castelos. Ruínas incompletas que pedem que se lhes acrescente a vida que temos. Histórias que habitamos com curiosidade enquanto a nossa  toma forma. Com mais idade, as muralhas tomam uma única forma que resiste. As flores que nascem nos veios são o presente que substitui a necessidade de fotografar. A densidade de estar e ser ao mesmo tempo, como se  ingleses  fossemos, deixa de lado o desejo de ficar suspenso, para um tempo que há-de vir. Visitar lugares em ruínas, templos traçados onde gravita um hálito central que agora se descobre que é azedo, apenas descreve uma circunferência fria de moscas que perfuram o espaço.

Depois existem os átrios, intervalos de construção. Parecem abandonados à espera, sem outro desejo que não o das flores que soubermos ver. Neles há uma hora que apenas existe nas sombras a quarenta e cinco graus. As esquinas definem-se porque os pátios se enchem de luz. Nessa hora coincidente, unem-se os pontos que construiram os templos. Segundo o gesto único que desenha no tempo a verdadeira geometria do amor.