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Assim à maneira de continuação, queria fugir um pouco às exposicões e pensar apenas a ideia de friso.
Vi num museu, pequenas taças cerâmicas de um periodo algures na pré–história. Lado a lado, nas prateleiras expostas, pela escala e pela frágil espessura, estes pequenos contentores, parecem pela forma, uma sequência de pequenas orelhas viradas para o céu. Mas a presença que evoca o corpo humano está presente na mesma matéria de que são feitas as peças e quem as criou. A forma é feita por contacto directo, barro contra barro, sendo o molde, a concha da mão; mais arredondada por ganhar um eixo e rodar sobre ela própria ao ser feita, aperfeiçoada pelo movimento de rotação.
Os frisos percorrem a superficie segundo uma sequência de formas abstractas que descrevem um circulo que também narra um ciclo. A repetição do gesto gravado, conta e arrasta a contagem, numa narrativa. Este ciclo, de quem senão o criador, sabe o ponto de origem, segue a linha curva da superficie da taça, até se completar ao fazer o encontro entre o principio e o fim. Mas quando se encerra o ciclo, perdendo-se o ponto de origem, perde-se igualmente o ponto final, de passagem ou de união; fica representado um outro tempo, maior que um ciclo, embora consciente dele.O friso transcende a representação de um ciclo inscrito na matéria do barro e passa a ser representação de infinito.
(continua)
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