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Quando te apercebes que as embalagens dos detergentes se sujam.
Que a tristeza de perder um brinco ou uma luva é a separação.
Que regressar por “re” pode ser uma revolta.
Que quando é noite é dia noutro lado e o ponto geográfico nisso é grave.
Calças botas lunares em vez de luvas
E por entre a impressão das solas reténs parte da memória
A que dá peso e te atrai para o centro.
Quando olhas para quem de costas segue o seu caminho,
Depois da brevidade onde não pousa nunca um braço,
Perguntas simples de criança, falta muito para chegar?
Quando amar encontra a amurada onde se amarra um incerto ser,
Quando inchar não é madeira de barcos mas condição do tempo.
Quando ou isto ou aquilo perde a capacidade de se ligar em isto e aquilo.
Fogem as pombas no panejamento que o vento enfola,
Fixam-se as pontas das asas na estrutura pensada de um monumento.
Soubesses dividir o que tens sem posses.
Quando como vi um pai que construiu uma casa para os filhos
E ela se fez um castelo vazio que ninguém quer habitar.
Nada, valente.
Nada é o princípio que as palavras sabem dançando nos pequenos brilhos deste mundo.
Nada sempre em frente, respira como sempre nos ensinam as parteiras.
Saímos da partida para a chegada e do tempo que une os pontos ao itinerário
Muito longe dos folhetos que anunciam férias, ilusões emprestadas
Que nos embalam, em malas de porão, no necessário descanso das paragens.
Na migalha o corpo inteiro donde pertence a mesma farinha fermentada,
Que leveda o último sonho do pão que no forno toma a sua forma derradeira.
Inclina-se o homem para chegar às coisas, ou chegam só por si elas ao homem?
Uma peça larga, um lençol.
Tudo é espaço e movimento.
Queres uma vela ou um pano na gaveta?
E é forçoso que na gaveta, fechado, como as folhas de um livro,
Um pano não possa velejar além do espaço?
Neste Verão de vento imenso, incham velas de teares,
Sobram no demasiado, presas que ficam no mastro de um barco ou de uma bandeira.
Possuir tem um fio, uma trela que podes medir segundo a dependência, tempo e espaço.
E alguém acena com um lenço
Ateado entre o polegar político do progresso e o resto da mão a ele encostado.
Já fora do som das palavras, por dentro do que há-de ser.
Planta, palma. Palavras que começam com a letra “P”
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